sábado, maio 31, 2008

Há dor nos casados...

Já eu, fiz o que no mínimo deveria ter feito:
Levei-te flores, lembrando quando existias;
Levei-te flores depois dos pavorosos dias,
Levei-te flores e condolências, todos seus direitos.

Não foi minha culpa se estavas de fronte a mim,
Estoquei minha adaga, sangrou-te líquido carmim,
Caíste no chão em brados roucos, polvorosa,
Vi tornar-se branca a face linda de outrora rosa.

É uma pena despedir-me de você de jeito tão cruel,
Minha paixão perdida, de jeito afável e doce como o mel;
Agora nada mais és, visto que se encontras em sepultura,
És minha musa morta cujo corpo repousa em inerte friúra.

domingo, maio 25, 2008

Adornos Casados

Dei flores para decorar nossos encontros,
Dei adornos em cores, elas murcharam horrores.

Hoje tateio suas pétalas,
Saboreio todos nossos namoros,
Degusto fotografias, caligrafias
Dos nossos filhos, sépalas da
Vida.

quinta-feira, maio 22, 2008

O sabor do saber

Dois artigos presentes na edição de sexta-feira (18) do jornal A Notícia propõem uma importante reflexão sobre a forma como nós, seres humanos, temos vivido em sociedade nesse início de século XXI. A influência midiática sobre a vida e o comportamento humano, proposta pela acadêmica Marilene Anacleto, e o ritmo de vida apressado que levamos, exposto pelo articulista Apolinário Ternes, oportunizam um pensar mais atento ao humano que existe em cada um de nós e à forma como somos levados a nos comportar diariamente.
Tudo é tão rápido e dura tão pouco. Vomitam-se lançamentos de produtos, seja de qual linha, estilo, ou utilidade for. Um detalhezinho altera o preço do produto e joga o recém-lançado na vala do ultrapassado. Consome-se muito em tempo recorde. Não se digere nada. Tem-se não para usufruimento próprio, mas para apreciação coletiva. A imagem vista aos olhos de outrem é a mais importante de se preservar. O interno perde espaço para o externo. A vida particular escancara as portas para o “Grande irmão” sempre presente. Não se pode ficar de fora do padrão social: beleza, pertences, saberes.
Vivemos em uma sociedade anoréxica. Não é só a comida regurgitada visando a um padrão de beleza. Regurgitam-se sentimentos e notícias. Ficamos com um aqui, com um outro ali. Um morre aqui e é anunciado no jornal, o outro é preso com drogas no bolso, e amanhã ninguém mais se lembra de nada. Já temos novos “ficantes”, novos mortos para não fazer diferença, novos presos para serem soltos.
O saber é regurgitado também. Não tem sabor este saber do qual fingimos fazer uso. Não há como bem fazer uso do mesmo. Em tão poucos minutos ele já está defasado. Tudo é simplificado para rápida absorção. Saber podre. Saber que, digerido, torna-se rapidamente escasso.
Há necessidade de se sentir o sabor do saber. Há necessidade de se degustar cada palavra apreendida, cada significado incorporado, cada sentimento correndo a pele. Caso contrário, a fugacidade do viver continuará ditando seu impiedoso ritmo, comprometendo, com isso, nossa rara sensibilidade, e nossa capacidade de apreender.
Saborear o saber aos poucos, eis o caminho nessa falsa fome de cultura. Um livro pode oferecer isto. Um poema também pode. Uma imagem, mais ainda, uma vez que as cores atraem muito mais do que o preto e branco das palavras e do papel. O ato de ler, independentemente do que se lê, é um caminho frutífero em possibilidades para esse enriquecimento gustativo e cultural.
O ser humano, ao fazer uso constante da leitura, passa, com o tempo de prática, a desenvolver em si virtudes e aptidões conscientes, tudo isso pelo fato de que, ao adotar a leitura como atividade de prática constante em sua vida, ele, ser humano, passa a melhor conhecer-se e a compreender-se, assim como a compreender o mundo e o que realmente quer significar esse ato de ler que ele pratica. Compreensão é fruto de leitura, assim como consciência crítica. Elementos indissociáveis; alimentos do espírito para o humano.
Bom apetite para nós.
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Artigo publicado no jornal A Notícia de 22-05-08, p. 11
Í.ta**

terça-feira, maio 20, 2008

Um Mosqueteiro

Um por todos
E todos por nenhum.

(nem um, nenhum de nós)

sábado, maio 17, 2008

Um e Todos

Todos os textos possíveis vivem em mim, transbordam da minha pele, todos as interpretações estão ao alcance de uma caneta, também podendo desaparecer diane da borracha.

terça-feira, maio 13, 2008

Sobre Filosofia Barata

Falam dos filósofos picaretas, das caretas descontentes com o pensar que parece não agir, dos tenentes do fazer acontecer, os falsos moralistas. Blasfemam contra a filosofia de boteco.

Não questionam a matemática de botequim, que erram cálculos e geram aberrações, deformações provadas, alucinações. Não questionam a biologia bêbada, das mutações pernetas, ou a química drogada, jogada nos vãos das baratas. Não falam do jornalismo tonto, dos advogados bobos e fáceis, dos juízes retráteis, corruptos incuráveis.

Não reparam no administrador ambicioso, um imbecil irresponsável, um controlador irrecuperável.
Não falam do médico que é comerciante, nada atuante.

Sequer questionam as estatísticas do especialista contorcido em mentiras. Não contam e sequer reparam nas indagações do economista, palpiteiro do dinheiro sujo inventado, inflacionado e dito como fundamental.

Por fim, resta o político mal-educado, justificado por condição precária e discurso que parece dente com cárie. Falemos sobre os podres do filósofo, então?

domingo, maio 11, 2008

Ressalto que...

O salto do Reinaldo se comparou ao alto pico da montanha, mico da semana, pois resultou em queda desumana, fenda no penhasco, fraturas no cascalho.

Ressalto que houve um salto em um mato que precede de ladeira, espaço na derradeira decadência, na morte certeira.

domingo, maio 04, 2008

O dia.

Há de me chegar o dia
Em que me falte de tudo
Falta de ar
Falta de dados
Falta de senso...

Faltou alguma coisa
Algo insincero
espremido

sábado, maio 03, 2008

Amedrontar

O medo corrompeu a alma,
Subjugou seu mundo em vão,
Submeteu seu corpo à calma
Caótica do além-limite da razão.

O medo murchou seu coração,
Secou sua vontade-essência;
O corpo agora é violência
Em elevado estado de putrefação.

Observa-se o verme corroendo,
Aquilo que outrora foi um osso,
Agora já não passa de um esboço
Do ser de medo, do despiciendo.

Carne amedrontada apodrecendo
Que ainda assim possui sopro de vida,
Múmia se remexendo na jazida?
Estremecimento visceral estupendo!

Pequeno amarelado sentimento
Que cobre esta alma desgraçada,
Mutila, zurze com vil contentamento
O dono desta alma condenada...

sexta-feira, maio 02, 2008

Não

No sonho
A nebulosa multidão dos medos
Sufocam as paixões mundanas
Que evadem a imensidão incontável de janelas

Sufocação
Agonia
A fala sem razão se confunde com a não fala
A falta de planos, de realização dos planos.

O plano

Necessidade de ação, de quebra
Busca do futuro
Construção
Caminho

NÃO!

Inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia, inércia...

Órfão

Todos vamos ficar sozinhos, um dia,
Não falo isso em estado péssimo, faço melodia,
Estou refletindo um fato, uma filosofia
Que se confere com dados.

Os órfãos de nome já a vivem
E nós viveremos com a partida dos pais,
Os órfãos choram ou coram,
Os filhos hão de se lamentar, o cais
Se enche na partida deles,
Os pais.

Para alguns, o tempo nunca veio,
Para outros, o tempo já passou,
Para quem vive, resta o receio,
Para quem viveu, o bom foi passageiro.


Mas os momentos são eternos,
Basta ver e crer,
Os serenos são sinceros.

Mas há esse medo. Medos.

quinta-feira, maio 01, 2008

Vê o Sol!

Vê o Sol!

dia após horizonte
vasta trilha brilhante
acordam casas e casas
em abismal cadência
infinitas visitas
com um só olhar...

quando a alvorada resplandece
nas montanhas geladas do Alaska
ou das dunas áridas do Saara
o fulgor amarelo traz calor e luz
para os lares do mundo

sul e norte
Vê o Sol!

Comecemos...

Em primeiro lugar eu gostaria de agradecer o convite que me foi feito pelo mais, muito mais, que grande amigo Pedro para participar desse verdadeiro encontro de lindas palavras, e não me refiro a padrões estéticos mas sim em qualidade literária, e ressaltar que me sinto muito honrada.
Em segundo, justifico minha relutância em participar deste grupo por achar que a capacidade deste belo grupo está muito além das minhas, pois não passo de uma relutante amadora na arte de escrever.
Porém agora que muito bem persuadida por este ser fantástico que eu tanto admiro, espero poder contribuir de alguma forma com este incrível acervo do qual sou fanática leitora.
Agradeço a todos por me acolherem entre vocês, espero que minha participação possa contribuir em algo.
Gostaria de iniciá-la com algo inédito, mas infelizmente meu computador não ajudou apagando por duas vezes poesias recem escritas, portando vou postar algo já antigo que no entando tem forte significado pra mim.


Empirismo no Vácuo

Meus passos rápidos

Devaneios

Fantasias

Pensamentos apenas


Objetos figurados

Sonhos toques

Cheiros

Misturando fantasia e realidade

A minha vida como um passeio lunar


E como tudo que existe

Vejo o tempo passar

Com a certeza de que não retrocede

E a sabedoria de não tentar pará-lo.


Viver as viagens do vento

Os sorrisos do sol

As lágrimas da chuva

O sonho das flores

Ao sentir cada um deles tocando a minha pele


E a minha falsa realidade tão natural

Mostra o quanto falo em passos falsos pelo mundo


E a as minhas lutas únicas

Solitárias

São minha alma

Se não houvesse a crença

Estaria vazia

Só, dentro de meu próprio vácuo.


Novamente obrigada.
E você meu amigo, te amo.