sexta-feira, janeiro 14, 2011

Leia poesia

Leia poesia

Você talvez irá descobrir que...



a poesia não fala só de obras,
de espaço cotidiano
da vida que cruza a rua.

- A poesia é mutante.
- ardilosa, indefinível.
- prosaica, indecifrável.
- maleável serenata.

a poesia é do ego,
que procura um abraço
sem precisar arrancar um braço.

a poesia tem estrofes
versos e compassos
ritmo sem embaraço.

a professora nos disse que pode ser heróica, decassílaba ou alexandrina -
tanto faz.
a mim importa o que a atualidade me diz
e que os versos livres dão mais espaço do que uma estrutura iâmbica.

- a poesia pode ser comparada a metáfora-
- sem a metáfora,
- é como um rei sem bispos --
- torres, peões e cavalos-
- sobra somente a Dama pra falar do amor--

ela muitas vezes fala de amor - e canta a dor,-
das moças de fino trato - passa as sendas proibidas--
de aconchego e calor - finta com desejos frágeis-
também trata a poesia - orgulha-se. mesmo desapontada--

a poesia , . , . @!5?:%
é vírgula traço pontuação reticências...
pode conter aliteração vulgarização repetenciação neologismação
até mesmo metalinguagens e compassos absurdos e erros "esdrúchulos"
e todas as hipérboles da elíptica portuguesa
a mãe gramática que ensinou Camões a navegar os Lusíadas

.a poesia já esteve presente
...com Adão e Eva
.....desde a gênese quando Deus
..........disse "fiat lux"

A poesia sempre fala do poeta
Por que nas poucas linhas que a compõem
Quem diz "Faça se a Luz!"
É o poeta.

~~~~a poesia diz tanto quanto mímica
porque os traços leves~~~~
~~~~são os mesmos dos braços que se elevam
ao gesticular emoções~~~~

- a poesia dá margem
para o mais rude dito
ser bela passagem



- você pode lê-la
- do jeito que quiser
- ninguém dá ordens ao leitor.

Ass: Rotiel Repus O.

terça-feira, janeiro 11, 2011

Auto-ajuda é uma mentira

Porque você precisa ficar bem pelo bem ser a única coisa que você possui
Em um mundo infestado pelo absurdo, corroído pela verdade,
Saturado de poucas razões.

sábado, janeiro 08, 2011

Prédio da editora Abril

Um cilindro de vidros, com jardins nos arredores, uma marginal (Pinheiros) fedida,
Trânsito de carros esporádicos, uns narizes empinados, uns sorrisos inesperados,
Um lugar bonito, um lugar grande, um lugar pequeno pra tanta gente,
Um prédio ereto, um labirinto de concreto, frio no miolo,
Abafado fora pelo sol do aquecimento, estorvo.

Almoço de trabalho

Chego, abro o computador,
Trabalho, olho no relógio,
11h, está perto do almoço,
A rua está um alvoroço,
O texto empacou, chamei os amigos pra comer,
Engasguei com um caroço, comi chocolate saboroso,
Voltei ao computador, olho no relógio, 14h,
As horas parecem que não passam - até o almoço,
É um tempo estranho, penoso e leve, trabalho,
Saio, Chego, abro o computador,
Trabalho, olho no relógio, 11h,
Ou seriam 14h? Empaco no texto,
Chamo pro almoço, engasgo com caroço,
Voltei ao computador, olho no relógio, 14h,
Ou seriam 11h?

Textos não óbvios

Como tiro de pistola
Acidental, bomba caseira
Que corrói os arredores,
Como sorte de roleta de cassino,
Como sorte de roleta russa
Com revólver no meio da fuça.

Textos óbvios

Barco de papel
Na banheira do meu banheiro,
Castelo no canteiro de areia,
Torre de cartas, trilha de dominó,
Estruturas frágeis.






E essenciais.

Sinto uma culpa

Da conversa não ocorrida,
Mas sinto que tentei,
Então se trata de uma corrida
Desonesta.

O passado

O passado não existe,
O passado existe no passado,
O passado existe no futuro,
E no presente,
Mas o passado não existe, é abstrato,
É fuga, é encontro, é volta
Até o rabo do cachorro.

Gullar diz

"Fazer uma poesia em que a linguagem nascesse com o poema",
Mas me sinto incapaz de criar algo do que fiz
Do nada, que refiz.

O pedinte com guitarra

... elétrica mostra seus dotes no cruzamento
Da Rua Augusta com a Avenida Paulista,
Na frente do Shopping Center Três,
Toca com aplificador na cintura, carregado
Com pilhas de dois As, cabelos crespos
Presos, sem feições apelativas, sem parar.

Usava uma guitarra branca,
Marca Tagima, ofuscada
Por poucas manchas e sujeira.

Poema não é só sujo

É imundo, é rastejante,
Gerninal, parasita brutal
De toda e qualquer elaboração
Mais bem posicionada.

O poema é o micróbio da mente,
A traça da ideia,
O fiapo latente.

Estação Paraíso

É um inferno de engarrafamento
Urbano em qualquer horário,
Em qualquer variável,
Para qualquer homem
Que tente mudar
Do azul ao verde
Do verde ao azul,
Das linhas do metrô
Em rede.

Reclamar no boteco

Da política, do futebol, da falta de dinheiro, da falta de amor, da falta do amante,
Do copo vazio, do vazio existencial, da essência do fundo da cerveja,
Do gosto distante da cereja, da tecnologia distante, do barulho da tevê,
Da falta de assunto, da falta de presunto, no assunto que presumo.

Ponte orca

Uma lotação detestada
Por habitantes de São Paulo
Que nunca andaram nessa forma de veículo,
Nesse remendo entre o metrô Vila Mariana
E o trem da Cidade Universitária.

É um veículo organizado, embaralhado
Pelo tráfego intenso de carros,
Sempre com uma janela arborizante,
Aberta com força, no fundo.

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Poesia é uma tolice

Tola brasa, toda fama
É escama, é pele reptiliana,
É curta, é mínima, insignificante,
Fria, morna, aquecida, é uma clara
Idiotice.

Dirigir em alta velocidade

Dizem que é comum, que é como no videogame,
Que é só pressionar o pedal da direita, que é só desviar dos obstáculos,
Seguir a trilha,
Sentir a brisa
Na nuca.

Mas morro quando o ponteiro marca só 90 km/h.

Abraço a guitarra

Pensando que é a namorada,
Adormeço de braços cruzados no braço
Com as cordas rentes à pele,
E o corpo apoiado na barriga.

E sonho com tua pele aquecida.